quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Acabou!

E com o post de Bruxelas acabam-se os relatos destes 10 meses e meio de viagem. Os relatos acabam junto com o ano de 2008. Os relatos acabam junto com O Ano da minha vida. Sei que ainda tenho muitos pela frente, mas tenho certeza que nenhum deles será tão importante e intenso como este ano de 2008.

Em geral, no fim do ano existe uma ânsia natural por retrospectivas, por análises, revisões e projeções. Mas indo na contra mão de tudo isso, digo apenas que acabou e foi bom. Que neste ano descobri o que é a dor e o que é o amor, que querer salvar o mundo é o primeiro passo para se perder, que não pensar em si mesmo é o ato mais egoísta que existe e que nada, nada nessa mundo tem mais valor que se conhecer. Por isso queria deixar apenas uma mensagem para todos que acompanharam estes relatos de viagem: não deixem nunca de dar valor a vida, aproveitem, busquem seus sonhos, mas lembrem-se que toda essa busca será em vão se vocês não buscarem a resposta mais fundamental, quem sou eu. Por isso, o mais importante é buscar a si mesmo, em meio a todas as outras buscas. E foi com este intuito que voltei ao Brasil. Para continuar nesta viagem, que é a busca da verdade!

Termino o ano então sem mensagem nenhuma, deixando que cada um descubra a sua própria mensagem.

Bruxelas











Em Bruxelas foi o lugar que passei mais frio em toda a viagem. Como em todas as outras cidades da Europa eu fui conhecer caminhando. Mas aqui tava zero graus e o frio doía de verdade. Aqui na Bélgica aprendi que em temperatura os números não são objetivos. Que uma diferença de cinco, seis graus é essencial. Entre os 8-10 graus de Londres e os 0-3 graus de Bruxelas, existe uma diferença muito grande, papo de vida ou morte. Esse dia caminhando em Bruxelas foi mais longo que todos os dias do mês que passei na Europa antes de ir para Índia.

Mas falando de Bruxelas, a cidade é linda. Parece de brinquedo, tudo arrumadinho. E a Grand Place, realmente é digna de ser considerada uma das praças mais bonitas do mundo. Falam até que é a mais bonita do mundo. Tudo muito antigo, muito trabalhado e muito conservado.

Aywaille










Meu irmão agora mora na Bélgica, numa fazenda perto de uma cidade pequena chamada Aywaille (que se fala 'eiuai'), que é perto de Liege. E mesmo Liege que é a referência não é muito conhecida... hehehe Mas o lugar é lindo. Meu irmão mora nesse casarão aí da foto, tem um Audi A4 perua sport (como mostra a foto) e agora está tocando o haras do François Mathy que é um dos maiores comerciantes de cavalo da Europa. Ou seja, 8 anos depois de ter se mandado pra Europa, literalmente sem lenço e sem documento, ele é a imagem de quem venceu na vida fazendo o que ama.
Este haras é o mesmo que foi seu primeiro pouso na Europa, nesta época ele trabalhou de graça, limpava cocheira e ralava que nem peão. Mas devido a sua seriedade, determinação e talento, voltou agora para ser o gerente do lugar, já com permissão de trabalho na Europa. Fico muito feliz por ele.
A fazenda é linda, com aquele típico cenário bucólico da Europa, que eu até então só tinha visto em filmes. Tudo limpo, organizado e funcionando, mesmo no campo.
Mas pra mim o melhor de lá foram as cevejas. A Bélgica é famosa por ter as melhores cervejas do mundo e eu tive que me esforçar pra verificar se isso era verdade. E era. Que beleza, só cerveja boa!! E barata, quando comparada ao Brasil. Passei lá 7 dias de pernas pro ar. Tava um frio desgraçado, eu acordava e ficava o dia inteiro em casa de bobeira, depois comprava umas cervejas e ficava bebendo. Foram as verdadeiras férias, ao fim de quase um ano de viagem.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Últimas de Londres










London Tower









London Tower é o primeiro castelo real de Londres, que fica a beira do Rio Tâmisa (Thames River). London Tower não tem nada a ver com a Tower Bridge, que é a ponte mais famosa de Londres que foi construída muito depois. Mas do castelo é possível ver a Tower Bridge.
Este castelo tem várias estórias de traições e batalhas, já tendo sido destruído mais de uma vez. Atualmente é apenas um ponto turístico. Como todos sabem hoje em dia a família real mora no Palácio de Buckingham.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Londres de novo...







Londres o mesmo lugar que foi a primeira cidade da minha viagem, será também a última. Volto destes 9 meses na Ásia (Índia, Indonésia e Malásia) completamente diferente. Não por fora, não nos gestos, nem nas palavras. Mas por dentro, nos olhos por trás dos olhos, no ouvido por trás dos ouvidos, na mente por trás da mente. Vejo tudo com os mesmo olhos, mas vejo tudo diferente.
O impacto de vir da India diretamente pra Londres, pro centro de Londres, perto da Tate Modern, Tower Bridge, etc. foi muito grande. De caos imundo diretamente para a organização impecavelmente limpa. Do sorriso sincero das pessoas para a cara cisuda ouvindo seu iPod. Da tranquilidade e aceitação de tudo para a pressa constante e resignação. E agora sim entendo como as aparências enganam. Desde que cheguei ao Rio sempre que falo sobre a Índia a maioria dos comentários é de que nunca gostariam de conhecer, ou que no máximo tem curiosidade, mas quando falo de Europa, todos abrem um sorriso e ficam babando de inveja. A minha impressão vai contra a da massa. Não que eu ache que na Índia todos são felizes, conscientes e espiritualizados. Isso não é verdade e eu sei muito bem. Mas a diferença de como as pessoas lá encaram a vida, o dia-a-dia é sim muito grande quando comparada a Londres no inverno. Não é que na Índia as pessoas saibam desta diferença, entendam a profundiade da vida, mas a cultura deles, que é consequência da religião e que tem como base os Vedas, traz uma série de pequenos conceitos práticos que mudam tudo.
E ao chegar a Londres e ver tudo funcionando, tudo limpo, podendo comprar as coisas pelo primeiro preço que o vendedor diz (sem ter que pechinchar), vi também o resultado desta nossa cultura judaico-cristã estampada no rosto de todos. Dessa individualidade exacerbada, da busca constante, do medo de pecar, etc, etc, etc. E ao ver isso cheguei a conclusão de que mesmo com todo o caos, sujeira e pobreza de lá, os indianos em geral vivem muito mais felizes. E acho que todos temos muito a aprender com isso.

Anaikatti de novo...









Minha última parada na Índia foi novamente em Anaikatti, no Arsha Vidya Gurukulam. Esse foi o lugar que fiquei mais tempo na Índia.

Desta vez teve um camp de 7 dias com o Pujya Swami Daynanda cujo tema era Meditation and Meditative Life. E a tarde ele fez uma série de Talks na cidade de Coimbatore onde tema era Prayer e Prayerful Life. Pra variar foi muito bom!! Depois do camp ainda fiquei mais 10 dias no Ashram, só estudando e curtindo essa vidinha pacata que aprendi a gostar tanto. Micael também ficou e acho que curtiu a expriência...

Escrevo isso já aqui no Rio de Janeiro e posso dizer que já estou morrendo de saudades dessa vida de Índia! Mas sem problemas, pois com certeza voltarei pra ficar mais tempo ainda!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Tirupati





Tirupati é o templo mais visitado do mundo. Mais visitado do que Meca e Jerusalém. Vão em média mais de 50.000 pessoas todo santo dia.
A deidade do templo é Balaji, uma dos avatares de Vishnu. Balaji era pobre e para se casar com a filha do rei pegou um empréstimo com Lakshmi (a deusa da fortuna que é esposa de Vishnu). E aqui se explica o motivo de este templo ser tão visitado. Se diz que ao doar dinheiro para Balaji, a pessoa está ajudando Balaji a pagar o empréstimo e como ele é um deidade, você recebe bons resultados (Punya) na sua vida. Por isso as pessoas vão aos milhares lá para doar dinheiro para receber Punya em troca. Esse é o templo que mais arrecada dinheiro no mundo. Eu vi um cara doar mais de 20.000 rúpias. Dizem que pessoas colocam colares diamantes, de ouro, etc.
Não sei porque razão, lá é tradicional raspar o cabelo de zero antes de ir para a fila do templo (que pagando pra pegar a fila especial, esperamos mais de 3hs e não pode tirar foto nenhuma). Fomos no dia do aniversário do Micael e ele resolveu raspar o cabelo também. Lá existe uma linha de produção de raspar cabelo, das 50.000 pessoas que visitam o templo todo dia, pelo menos umas 10.000 raspam o cabelo lá. O cara raspou meu cabelo e barba em menos de um minuto. Minuto esse que foi muito longo, pois o cara é muito grosseiro. Raspa tudo com navalha, numa velocidade bizarra, sem nem um sabãozinho pra suavizar. E quando te corta (e são muitos os cortes, né Micael?? heheheh), ele pega um negócio, tipo uma pedrinha e esfrega no corte. Aí sim dói, mas pára de sangrar.
Essa foi uma das experiências mais doidas na Índia...