quinta-feira, 12 de junho de 2008

UNIVERSO, DICIONÁRIO, VEDANTA E O DESPERDÍCIO DA VIDA

Toda a manifestação, o Universo inteiro, não passa de um conjunto extenso de conceitos e formas. É apenas conhecimento, por mais que você não acredite ao ler aqui(depois vem um texto sobre este assunto). O dicionário, por sua vez, não passa de explicações sobre o significado de uma parte desses conceitos e formas. Conceitos e formas, estes que dependem de um ser consciente (eu ou você) para serem utilizadas. Na verdade as palavras e todo o Universo dependem de nós para ter sentido que existam. Porém, nós consideramos o significado destas palavras e formas como sendo real, esquecemos que elas só existem e significam devido a nossa presença, a nossa consciência que as ilumina e que pode interpretá-las. Algumas palavras em especial tomam tal realidade em nossa percepção que às vezes priorizamo-nas ao invés de nós mesmos, ao invés de vivermos. Dinheiro, trabalho, segurança, prazer e família estão entre as mais comuns.

Um belo dia você se dá conta disso, porque começou a se questionar, achar que a vida não pode ser só isso: nasce, brinca, cresce, estuda, trabalha, casa, tem filhos, trabalha ainda mais e não tem tempo pra família, envelhece e morre cheio arrependimentos, tanto pelo que fez errado, quanto pelo que deixou de fazer. No meio do caminho desse questionamento, provavelmente começou a ler alguma coisa sobre auto-conhecimento ou filosofia oriental. E um belo dia vira para a família ou para os amigos (todos tem a mesma reação... heheheh) e diz:

- Vou pra Índia estudar Vedanta!
- Hein?! Ved-o-quê? Que que é isso? Um tipo de pós-graudação? Vai melhorar seu emprego? Ah ouvir dizer que Índia é muito bom para estudo, muita coisa de tecnologia.
- Não. Vou estudar Vedanta. É uma filosofia que estuda o Ser.
- Hein? Ah essas coisas de budismo né?! Você virou budista?! Vai virar?
- Não é uma filosofia, auto-conhecimento, sabe. Entender o que eu sou pra poder viver melhor. Não desperdiçar a vida.
- Ah... – fala isso com aquela cara de compaixão, você vê que a pessoa não sabe se diz que bom ou meus pêsames.
E você tenta começar a explicar exatamente o que é Vedanta, pra ver se ela entende e se acalma:
-Sabe os Vedas, já ouviu falar? Os livros mais antigos da humanidade? Então Vedanta é o estudo da parte final dos Vedas que analisa a essência do Ser.
Então a pessoa realmente fica preocupada e pra desconversar diz:
- Que bom, mas quando você volta mesmo?!

Hahahahahahhahahahah!!!!!!

Ou seja, você resolve estudar a única coisa que é real, que sustenta todo esse mundo, que vai te permitir viver bem e fazer sua vida valer a pena e todo mundo acha que você está perdendo tempo. Pois durante esse período você poderia estar ‘investindo’ em si mesmo, para conseguir acumular mais conceitos criados por nós, para se sentir mais preso a eles e ficar nessa eterna busca. Até o dia que a morte vai chegando perto, você pára para pensar em tudo que fez e descobre que não sabe por que está aqui, o que fez e se fez bem ou mal. Por isso o medo da morte.

“UMA VEZ PERGUNTARAM A UM SÁBIO:
- O que mais o surpreende na humanidade?
E ele respondeu:
- Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver o presente nem o futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido . . ."

PARADOXO DE NOSSO TEMPO (George Carlin)
"O paradoxo do nosso momento na História é termos prédios mais altos, mas paciência curta; rodovias mais largas, mas pontos de vista mais estreitos.
Nós gastamos mais, mas possuímos menos; compramos mais, mas aproveitamos menos.
Nós temos casas maiores e famílias menores, mais conveniências e menos tempo; nós temos mais diplomas, mas menos razão; mais conhecimento, mas menos juízo; mais especialistas e ainda mais problemas, mais medicina, mas menos bem-estar.
Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critério, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais, e rezamos raramente.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.
Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente.
Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho.
Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos coisas maiores, mas não melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar, e não a esperar.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos corpos obesos e das pílulas que fazem tudo, de animar a acalmar, matar.”

Um comentário:

Equilíbrio Mente e Corpo disse...

Kuakuakauaakua, adorei o Ved-o-quê?. Nossa vc deveria escrever um livro, ou nunca parar de escrever este blog, to lendo ele um pouco a cada dia.

Me identifiquei em muitas coisas que vc escreveu, principalmente esta de ir pra India e as pessoas com cara de compaixão e sobre os pêsames. Em 2005 resolvi largar tudo, tinha acabado de ser promovida, sou Engenheira Mecânica, ou na verdade era......qdo resolvi ir em busca de mim mesmo, da minha essência e comuniquei a todos, muitos fizeram esta cara........e meu antigo chefe quase me deu os pêsames, até hoje ele ainda acha que vou me arrepender e pedir pra voltar......uma vez por ano ele me liga e pergunta se não cansei de ser Hippie e se quero voltar pra Empresa dele......bom minha resposta é sempre a mesma, gargalhadas pelo Hippie e um Não, obrigada.....e sinto um suspiro do outro lado da linha, como se estivesse pensando....tadinha dela, tá ficando doida.

Estou gostando muito deste blog.

Beijos.....

Carla