segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Gestão do Conhecimento, Taoísmo e Humanismo

Este é meu mesmo de 24/06/2004...


"É comum ao pensamento ocidental, desde o dualismo espírito/matéria de René Descartes, tentar separar e definir logicamente tudo que nos cerca. A famosa frase cartesiana, Cogito ergo sum (´Penso logo existo´), tem levado o homem ocidental a igualar sua identidade apenas à sua mente, em vez de igualá-lo a todo seu organismo.

“A mente foi separada do corpo, recebendo a inútil tarefa de controlá-lo, causando assim um conflito aparente entre a vontade consciente e os instintos involuntários. Posteriormente, cada indivíduo foi dividido num grande número de compartimentos isolados de acordo com as atividades que exerce, seu talento, seus sentimentos, suas crenças, etc., todos estes engajados em conflitos intermináveis, geradores de constante confusão meta-física e frustração.
Essa fragmentação espelha nossa visão do mundo “exterior”, que é encarado como sendo constituído de uma imensa quantidade de objetos e fatos isolados. O ambiente natural é tratado como se consistisse em partes separadas a serem exploradas por diferentes grupos de interesses. Essa é ainda mais ampliada quando se chega à sociedade, dividida em nações, raças, grupos religiosos e políticos. A crença de que todos esses fragmentos – em nós mesmos, em nosso ambiente e sociedade – são efetivamente isolados pode ser encarada como a razão essencial para a atual série de crises sociais, ecológicas e culturais. Essa crença tem nos alienado da natureza e dos demais seres humanos, gerando uma distribuição absurdamente injusta de recursos naturais e dando origem ‘a desordem econômica e política, a onda crescente de violência e a um meio ambiente feio e poluído, no qual não raro a vida se torna física e mentalmente insalubre.” ( O Tao da Física – Fritjof Kapra)

Ao separamos e definirmos qualquer coisa, estamos ao mesmo tempo excluindo todo o resto que ou faz parte ou está relacionado a ela. Certa vez, aqui mesmo na CK, lembro de ter lido que conhecimento é a única coisa que não segue a Lei da Física de que a entropia (estado de desordem, numa extrema simplificação) do Universo só aumenta. Quanto mais informação processamos (acreditando ser verdade) mais a nossa percepção do mundo se “fecha”, ou seja passamos cada vez mais a crer que sabemos as causas e conseqüências do que está a nossa volta. Quanto mais informações recebemos e aceitamos, criamos a sensação de há menos desordem  em nossas cabeças. Imaginem o que seria para Newton ler a Teoria da Relatividade ... Acharia que isso é coisa de um louco, que nem a 5ª série conseguiu fazer direito (Einstein). Minha a intenção não é, de forma de alguma, criticar o trabalho tão interessante que vem sendo coordenado pelo senhor Calil, mas sim atentar ao fato que mesmo que cheguemos a uma definição completa e genial de Gestão do Conhecimento, não nos restrinjamos a ela e a nenhuma outra definição relacionada a este tema. Que este trabalho sirva de exercício para ampliarmos nossa percepção sistêmica da Gestão do Conhecimento (como foi para mim ao ler o texto Attention Shoppers) e não para restringirmo-la. Ao contrário, busquemos o Tao do Conhecimento!!!!

“Cestas de pescaria são utilizadas para pescar; quando o peixe é pego, os homens esquecem as cestas; as armadilhas são utilizadas para caçar lebres; uma vez que estas são pegas, os homens esquecem as armadilhas. As palavras são utilizadas para expressar idéias; mas quando se apoderam das idéias, os homens esquecem as palavras.” (Chaung Tsé – sábio taoísta)

Fiquemos com as idéias!!!!!!"

Nenhum comentário: