terça-feira, 16 de setembro de 2008

As Contradições do Amor

Amor é música. Amor é como a música. Ouço porque gosto, porque me faz bem. Ouço o que gosto, enquanto me agrada.

No amor é a mesma coisa, apesar de os mais sonhadores e poéticos dizerem o contrário. Amo porque me faz bem, e isso não é exclusividade minha. Qualquer mortal ama assim. Ama porque em primeiro lugar se ama.

Amor na nossa atual realidade, só é amor enquanto eu me vejo feliz com o outro. Ou para os mais românticos, enquanto ainda houver esperanças de me ver novamente feliz com o outro.
A verdade é que não vemos o outro quando amamos. Vemos aquilo que queríamos que o outro fosse. E com o tempo (e esse tempo varia de relação pra relação), quando começamos finalmente a ver o outro (pois a realidade se sobrepõe a fantasia projetada inicialmente), em geral dizemos que o amor acabou. Que não é mais como antigamente.

Mas o fato é que agora é o que sempre foi. A diferença é que não há mais os óculos cor de rosa que ignoram os defeitos e só vêem as qualidades. Mas, atualmente, de realidade basta o dia-a-dia. Então o que fazemos é acabar esse relacionamento. Assim temos um assunto novo, temos do que reclamar, com toda a razão do mundo (pelo é o que achamos naquele momento), e criamos novamente espaço para fantasiar.

Fazemos de tudo para fugir da realidade. E o que chamamos de amor é a fuga mais comum (outros fogem para drogas, álcool, etc.). Esse é o amor dos tempos de novela e filmes de Hollywood. Amor projetado, amor intenso e principalmente amor curto. O amor que da mesma forma como os filmes e novelas, nos desconectam de nossa realidade.

Há ainda o grupo contemporâneo do ‘eu quero é curtir’. Esses, coitados, são tão inseguros e solitários, que nem fantasiar conseguem. Acham que são livres, tentam acreditar nisso. Mas só eles mesmos sabem, lá no fundo, que são escravos do próprio medo. Medo de crescer, medo de entregar, medo de compartilhar, medo de tentar e principalmente medo de errar e não suportar a realidade dos fatos. Novamente é a fuga da realidade que os move. Criam uma falsa casca de livre e bem resolvido e vivem em suas próprias ilusões. A diferença aqui é que a fantasia não depende uma pessoa só, mas de uma pessoa a cada noite.

E por mais que pareça antiquado, amor bom mesmo, que te faz crescer e não fugir da realidade, é o amor de antigamente. Amor que nasce de uma escolha, cresce na convivência, resiste as mais fortes tempestades e continua até a velhice. É o amor de compromisso. Que não vem com tantas projeções, pois não há tantas opções. E uma vez tomada a decisão, aquela é a pessoa com quem você vai dali pra frente construir uma relação e uma família. A pessoa que será sua companheira e com quem você espera amadurecer junto. Não que ache que os casamento de 50 anos atrás fossem realmente assim, mas com certeza em termos de modelo, esse é o mais adequado para o amadurecimento e para aprender a enfrentar a realidade.

É a tão, atualmente, temida palavra compromisso que faz a diferença aqui. Em primeiro lugar compromisso consigo mesmo. Compromisso e vontade de crescer e ajudar o outro a crescer. Saber que estamos aqui para amadurecermos e que agora você tem alguém para compartilhar sua jornada. Compromisso de não estar presente quando lhe convier, quando quiser, quando puder. Compromisso da época em que a palavra tinha mais valor que os contratos. Compromisso moral, se é que as pessoas ainda lembram o que isso significa nessa nossa sociedade com valores tão distorcidos.

Há controvérsias, mas a verdade é que todo amor de mortal (seja de qualquer umdos três tipos) só existe por amor próprio.

Pois o amor que realmente é só para o outro, não é aquilo que comumente conhecemos por amor. Não é amor de meros mortais. É sim amor daquele que já se sabe imortal. Porque na verdade é um amor que sabe que o outro também sou eu. E que esta é a única forma de amar absolutamente, porque queira você ou não, o eu vem sempre primeiro. Então só quando eu consigo me ver no outro, posso amá-lo incondicionalmente. Ao invés de esperar que ele seja a razão da minha felicidade. E esse amor incondicional não pode ser restrito a uma pessoa, pois o sábio que tudo é ele.

E a conclusão que se chega, quem diria, é que quando se ama de verdade, não se ama ninguém especificamente. Então dentre as opções disponíveis para nós meros mortais, escolha a que mais lhe convier, mas tenha sempre em mente, que amor é como música. Que amo para mim mesmo e mais ninguém!

Um comentário:

Marcelo kaneca disse...

biel, adorei seu blog, vc está indo nos lugares que eu fui, alguns até que eu quis ir a não fui, como Daramasala.
Tenho altos amigos que moram em Bali, um que pode te dar força é o Darcy, do Wavecheck, fale que é meu sobrinho, lembra que sou o kaneca pra ele, tá. ele tem um botinho e está sempre fotografando as ondas, pode te indicar lugares, te levar, etc
abraço,

marcelo